11 fevereiro, 2008

Nunca é Tarde Para Amar - I Could Never Be Your Woman

·

Tamanho: 700 Mb
Formato: DVD-Rip
Idioma: Português





yastorage
File27
a2zuploads
Nakido

» Direção: Amy Heckerling
» Roteiro: Amy Heckerling
» Gênero: Comédia/ Romance
» Origem: Estados Unidos
» Duração: 97 minutos
» Tipo: Longa
» Trailer: clique aqui
» Site: clique aqui
» Sinopse:Rosie (Michelle Pfeiffer) é uma mãe de família que se apaixona por um rapaz bem mais jovem chamado Adam (Paul Rudd), ao mesmo tempo em que sua filha começa a descobrir o amor.

Com mais conteúdo que aparenta pela emblagem e o título.

Quem não se deixar levar pelo título “espanta-público-inteligente” – Nunca É Tarde para Amar – e se dispuser a ir ao cinema encarar essa comédia romântica norte-americana pode encontrar muito mais que oferece a média das produções do gênero. “Pode”, aqui, significa que está nas mãos do espectador fazer uma leitura além da óbvia. Se ele optar por apenas se deixar levar por uma história que segue à risca os manuais do gênero, vai encontrar uma comédia um tanto divertida, pouco ou nada surpreendente, daquelas que não geram discussão de dez minutos depois de encerrada a sessão. Quem quiser, no entanto, esforçar-se com um olhar mais atento e dar uma chance ao subtexto que existe no filme, terá a oportunidade de ver em Nunca É Tarde para Amar muito mais que um rostinho bonito.

O roteiro conta a história de Rosie, mãe quarentona que se envolve com um rapaz de menos de trinta ao mesmo tempo em que vê sua filha adolescente despertar para a vida amorosa. Além disso, a mulher enfrenta os desafios de produzir um programa de televisão e tentar se comunicar com o público jovem para manter sua audiência. A produção, que marca o retorno às telas de Michelle Pfeiffer após um intervalo de cinco anos, é também veículo para que ela exiba sua beleza impressionante – mesmo com 49 anos, ela aparenta os 40 da personagem sem problema algum.

Responsável por uma comédia com altas doses de crítica social na década de 80 (Picardias Estudantis) e outra nos anos 90 (As Patricinhas de Beverly Hills), a diretora Amy Heckerling ingressa no novo século com o desafio de retratar uma nova geração – ou um novo conflito entre elas. Nesse aspecto, o filme segue a mesma linha de seus antecessores: o humor é feito de forma inteligente, explorando – sem poupar, sem se preocupar em ser politicamente correto – os estereótipos com olhar crítico e às vezes um tanto ácido. A bola da vez, agora, é o ocaso dos “baby boomers”, gerados por gravidezes ocorridas no período do pós-guerra e nascidos entre os anos 50 e 60 do século XX. Essa geração é a primeira a dispor de alta tecnologia disponível para enfrentar seu pior inimigo: a idade. É, também, a primeira geração a desafiar o envelhecer numa sociedade regida pela beleza e por padrões estéticos artificiais bombardeados pela mídia (o cinema, inclusive) e exercidos pelos seus seguidores.

Do outro lado, surge a geração dos filhos que entram na adolescência num mundo de prazeres e desejos instantâneos. São crianças que se forçam um crescer precoce e também artificial. Isso aparece de forma clara na cena em que a filha de cerca de 12 anos diz para a mãe de 40: “Já estou velha demais para brincar de Barbie”. A resposta da mãe: “Eu não”. Esse retrato da dificuldade de amadurecimento de duas gerações diferentes é um dos méritos do texto inteligente.

Outro ponto interessante do filme é como ele está inserido no contexto da sociedade americana contemporânea. Cheio de referências atuais ao cinema e à televisão, o texto não depende delas (por exemplo, muitos não sabem quem é Cloris Leachman). O importante é que faz, sem medo, piadas de nomes que estão na mídia, como Britney Spears, Bruce Willis e todas as atrizes quarentonas (ou mais velhas) que se esforçam para não aparentar o passar do tempo, numa lista divertidíssima, citada por um dos personagens – incluindo Meg Ryan, Sharon Stone, Susan Sarandon –, que é interrompida pela protagonista antes que seja pronunciado o nome de Michelle Pfeiffer. É uma crítica forte, que dá nome aos bois (e vacas) que se entregam ao estilo de vida ditado pela veneração à estética.

A mensagem final do filme também não é das mais agradáveis para quem não gosta de se deparar com a realidade: quando todos se tornam ridículos, isso passa a ser comum. É uma referência aos rostos e corpos remendados por plásticas, adicionados de botox e alaranjados por bronzeamento artificial, que se espalham feito epidemia e causam cada vez menos estranhamento nas pessoas.

Uma pena que Nunca É Tarde para Amar, ao contrário dos outros filmes citados da diretora, tenha um certo medo de mostrar-se com o conteúdo que tem e opte, na maioria das vezes, por fugir para o óbvio e cair no padrão da comédia romântica sem muita complexidade. Parece um receio de perder audiência – afinal, um produto que requer maior capacidade analítica do público tem, por conseqüência, menor público potencial. E o programa de tevê dentro do filme deixa claro o quanto a ditadura da audiência tem controle absoluto sobre o produto televisivo. Talvez essa escolha de colocar o filme rigorosamente dentro dos padrões seja uma forma de auto-sacrifício para mostrar que o cinema de massa norte-americano também é assim.

Por Rodrigo Rosp
10/10/2007

0 comentários:

About Me